segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Jesus e os Doze


Dando continuidade ao estudo de Jesus e a sua Igreja, nós vimos que Jesus não se limita a ser um curandeiro, um filósofo, um pedagogo.

Hoje em dia se tem uma tendência cada vez maior de tentar rotular a pessoa de Jesus, e isso se dá pela dificuldade de se aceitar o Jesus Cristo. Assim, rotulando Jesus, se pode ficar com apenas uma parte dele, abrindo mão de todas as outras.

Jesus é Deus. Jesus é o Verbo eterno do Pai que se fez carne e abitou entre nós. De Jesus nós recebemos muito mais do que estes rótulos ou quaisquer outros que alguém possa imaginar.

Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça. Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (João 1, 16-17).

Por querer nos congregar na sua realidade de graça e de verdade, Jesus quer sempre reunir o seu povo, e este é um povo novo.

É preciso contextualizar a mensagem de Jesus conforme a fé e a esperança do povo eleito, a qual vemos no antigo testamento: a Salvação era para os Judeus.

  • Os Elementos da Futura Igreja

Dois elementos são importantes para a compreensão da futura Igreja:

1)      O tornarem-se um, unidos a Cristo;

Sobre isto nós falamos na última postagem quando percebemos que Jesus quer congregar todos à sua volta, para congregar as ovelhas perdidas da casa de Israel. Este novo povo tem em Jesus seu ponto de reunião.

Isto quer dizer que só em Jesus este povo poderá ser povo de Deus. Na verdade só em Jesus eles serão um povo.

Com este intuito Jesus utiliza de várias imagens para designar o novo povo de Deus: rebanho (João 10, 16); convidados do banquete de núpcias (Marcos 2, 19); casa de Deus (Mateus 10, 25);

Mas a que mais se destaca é a de família de Deus (Mateus 10, 25; 13, 27.52; 20, 1-15; 21, 33-44; Lucas 14, 15-24; etc.)

Deus é o Pai da família.

2)      A oração em comum;

Em paralelo a figura da família de Deus, Jesus ensina os discípulos uma oração em comum: o Pai Nosso.

Assim como João Batista ao ensinar seus discípulos a orar (Lucas 11, 1), Jesus, quando ô faz com os seus discípulos, lhes dá uma das características das comunidades: a oração em comum.

Tendo o mesmo núcleo (Jesus) e a mesma oração (Pai Nosso) os discípulos tinham consciência de estar fazendo parte de uma comunidade.

  • A Comunidade dos Doze

Aqui vemos a figura dos Doze aparecer.

As doze tribos de Israel deveriam ser restabelecidas. Este restabelecimento vai ocorrer na figura dos apóstolos.

Jesus já tinha discípulos logo no início do seu ministério (Marcos 3, 7-12), mas o que reforça a ideia de unidade é o fato de Ele ter escolhido doze para andar junto dele:
Depois, subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram a ele. Designou doze dentre eles para ficar em sua companhia” (13-14).

Doze é o número dos filhos de Jacó e das tribos de Israel (Genesis 49 [,28]). Este novo doze indica um novo povo que será constituído de autoridade conforme Mateus 19, 28 nos diz:
Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis seguido, estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel”.

  • Os Doze estão sempre a volta de Jesus

A missão dos apóstolos, inicialmente era “apenas” estar com Jesus. Na verdade este título de Apóstolo só é recebido após a ressurreição de Jesus. Antes disto eles eram chamados simplesmente de “os Doze”.

Marcos nos descreve sua vocação dizendo “e Jesus constituiu Doze” (3, 14). A missão deles é simplesmente ser Doze, para mais tarde estarem com Jesus e para serem enviados.

Esse chamado especial aos Doze para uma comunhão mais intima tinha o claro propósito de prepará-los para dar seguimento a missão. Marcos nos diz:
Era por meio de numerosas parábolas desse gênero que ele [Jesus] lhes anunciava [as multidões] a palavra, conforme eram capazes de compreender. E não lhes falava [as multidões], a não ser em parábolas; a sós, porém, explicava tudo a seus discípulos” (4, 33-34).

Percebe-se então que há uma clara distinção entre as multidões e os doze. Não se nega que Jesus veio para todos. Isto nós dissemos e reafirmamos. Contudo Jesus prepara os doze que andam mais junto dele.

  • Quem representará Jesus são os Doze

Todo ensinamento tinha o propósito de prepará-los para representar Jesus. O discurso, após a última ceia, em João nos dá a exata noção de quem os Doze serão dali para frente.

É preciso entender de forma clara o contexto dos discursos após a Última Ceia conforme o evangelho segundo São João.

Seguindo o Evangelho segundo São João, vemos que Jesus começa a encerrar sua vida pública após o discurso do pão da vida no capítulo 6. Analisaremos de forma sintetizada este capítulo de ruptura no Evangelho.

Perto da páscoa dos judeus, Jesus faz o sinal da multiplicação dos pães (vv.1-15). Tendo em vista a intenção da multidão, Jesus se recolhe no monte se encontrando com os discípulos que já estão em alto mar/lago logo após, numa cena em que vemos a demonstração de sua presença e sua divindade poderosa (v.20), contudo nós temos, após estes acontecimentos, pequenas crises com a multidão que desde o início já demonstrava querer apenas os milagres (v.2). Jesus os exorta, podemos dizer até com certa irritação, pois estes apenas estão atrás de se fartar de pão (v.22-27). Eles não estão atrás do sinal, mas sim do milagre que sacia a fome.
Em que pese lermos na Bíblia Ave Maria a frase “buscais-me, não porque vistes os milagres” (v.26), o palavra mais correta é sinais conforme vemos na tradução da CNBB e na Bíblia de Jerusalém. De fato Jesus esta falando do Sinal de que é ele quem dará o Pão, conforme a sequencia do capítulo, e não do simples milagre da multiplicação.
A partir daí temos o grande discurso do pão da vida (vv.28-59) onde vemos a seguinte divisão: Jesus afirma primeiro dar o pão = palavra ou ensinamento ou revelação (predominante nos versículos 35-50); Jesus afirma ser o pão = corpo (predominante nos versículos 51-58). Dentro deste discurso vemos a murmuração dos judeus e a crise da multidão.

Aqui percebemos a crise que norteará o restante do Evangelho: “Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele”. Dos vv.60-66 nós vemos que a multidão abandonou Jesus, deixando de andar com o mestre. Contudo os vv.66-71 vemos que os doze ficariam. Mesmo com a traição de Judas (v.70-71) já há aqui o núcleo definido dos doze, que a partir de então, seguiriam Jesus no Evangelho de João.

Então quando Jesus está fazendo os discursos e as orações após o lava pés (capítulo 13) Jesus ô está fazendo exclusivamente aos discípulos, e não a uma multidão. A multidão ficou para trás no capítulo 6. Aqui só sobraram os 11 (pois Judas os abandonou após a ceia (13, 27-30).
Temos então Jesus discursando aos discípulos do capitulo 13 – 17 (capítulo 13 ao capítulo 17). Lembremo-nos sempre que nestes exemplos Jesus está falando aos discípulos:
Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me tornareis a ver, porque eu vivo e vós vivereis. Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós” (14, 20-21).
Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda” (15, 15-16).
Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. Também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio” (15, 26-27).
Por eles é que eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu. Neles [nos discípulos] sou glorificado” (17, 9-10).

Nossa comunhão com Cristo se dá por aderência a esta comunhão dos Apóstolos que são suas testemunhas, e cuja pregação levará a crença de muitos (17, 11.19-20). Todas estas promessas foram feitas para os Apóstolos. E se queremos participar desta glória de Cristo devemos estar em comunhão com os apóstolos.
Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15, 4-5).

Não há como dizer outra coisa sem tirar do seu contexto original. A visão da Videira e dos ramos está em conformidade com a unidade pedida por Jesus, por intermédio da pregação dos apóstolos:
Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes [aos discípulos conforme os vv.18-20] a glória que me deste, para que [os discípulos] sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste [os discípulos], como amaste a mim. Pai, quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles que me deste [os discípulos], para que vejam [o mundo] a minha glória que me concedeste, porque me amaste antes da criação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes [os discípulos] sabem que tu me enviaste. Manifestei-lhes [aos discípulos] o teu nome, e ainda hei de lho manifestar, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles” (17, 21-26).

É assim que Jesus restitui as doze tribos de Israel. O número dos Doze, que evoca as doze tribos de Israel, já revela em si o significado da ação profético-simbólica implícita na iniciativa de fundar novamente o Povo Santo.

Sendo Jesus o núcleo da comunidade e estando os Doze em volta deste núcleo, veremos o que está em volta dos Doze Apóstolos: Os Discípulos, e fecharemos a ideia dos doze e da transição do Antigo para o Novo Testamento.

Um abraço a todos.
Carlos Francisco
Comunidade Católica Filhos da Redenção

“E vós tendes permanecido comigo nas minhas provações; eu, pois, disponho do Reino a vosso favor, assim como meu Pai o dispôs a meu favor, para que comais e bebais à minha mesa no meu Reino e vos senteis em tronos, para julgar as doze tribos de Israel”.
(Lucas 22, 28-30)

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A chegada do Reino de Deus


A transição do Antigo para o Novo Testamento

Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho” (Marcos 1, 15).

A História da Salvação é todo aquele tempo que vai da queda do homem com o pecado original (Genesis 3, 1-7) até as portas da chegada do Messias. Não atoa Jesus encerra em si próprio toda a vontade do Pai, a qual sempre foi nos salvar.

É isso que lemos na carta de São Paulo aos Efésios:
“Nesse Filho [Jesus Cristo], pelo seu sangue, temos a Redenção, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça que derramou profusamente sobre nós, em torrentes de sabedoria e de prudência. Ele [Deus] nos manifestou o misterioso desígnio de sua vontade, que em sua benevolência formara desde sempre, para realizá-lo na plenitude dos tempos - desígnio de reunir em Cristo todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra. (Efésios 1, 7-10)

Então em Jesus é concretizada a vontade do Pai.

Quando Jesus diz que completou-se o tempo, ele está dizendo que o tempo do anuncio feito pelos profetas, dos quais o último foi João Batista, acabou. Se “muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas” (Hebreus 1, 1) estava na hora de Deus falar por si só, na pessoa do Emanuel – Deus conosco – conforme Mateus 1, 23.

Bem, terminou o tempo de Moisés e dos profetas. O que quer dizer o Reino de Deus está próximo? Qual o significado desta expressão Reino de Deus para os judeus que ouviam Jesus?

Para Israel, o povo eleito (Romanos 11, 26-28), Javé é o Senhor da história. Javé inicia a História da Salvação tendo convocado Abrão, depois libertando o povo do Egito e em todos os momentos posteriores.


Logo o Reino de Deus é esta ação de Deus, que começa dentro da história. Esse Reino de Deus não significa na boca de Jesus, uma coisa ou um lugar, mas o agir de Deus no presente. Por isso podemos traduzir diretamente a expressão de Mc 1, 15: “O Reino de Deus está próximo”, por “Deus está próximo”.

Vemos isto em Lucas 11, 14-23, quando Jesus expulsa um demônio mudo e alguns diziam que era por Beelzebu que ele fazia tais coisas. Nisto Jesus, os repreendendo, diz:
“Pois dizeis que expulso os demônios por Beelzebu. Ora, se é por Beelzebu que expulso os demônios, por quem o expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes! Mas se expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado a vós o Reino de Deus.

Dedo de Deus significa ação de Deus, como vemos em Êxodo 8, quando Moisés mostra o terceiro sinal (os mosquitos) e os magos, sem conseguir confrontá-lo dizem “Isto é o dedo de [um] Deus”!

Jesus é o Messias inesperado, mas que cumpre as promessa contidas em Isaías como vemos em Isaías 26, 19; 29, 18s; 35, 5s; 61, 1. Vejamos as duas últimas:
Dizei àqueles que têm o coração perturbado: Tomai ânimo, não temais! Eis o vosso Deus! Ele vem executar a vingança. Eis que chega a retribuição de Deus: ele mesmo vem salvar-vos. Então se abrirão os olhos do cego. E se desimpedirão os ouvidos dos surdos; então o coxo saltará como um cervo, e a língua do mudo dará gritos alegres. Porque águas jorrarão no deserto e torrentes, na estepe. Percebam então que o Reino de Deus chegou até nós na pessoa de Jesus. (...) O espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor consagrou-me pela unção; enviou-me a levar a boa nova aos humildes, curar os corações doloridos, anunciar aos cativos a redenção, e aos prisioneiros a liberdade;

Esta foi a resposta de Jesus aos discípulos de João Batista em Mateus 11, 2-5.
Logo o Reino de Deus começou na pessoa de Jesus.

Contudo, em que pese todos estes milagres devemos ter uma certeza: as curas praticadas por Jesus não são o Reino de Deus; As curas praticadas por Jesus são apenas o Sinal do Reino de Deus.

Isso quer dizer que Jesus não veio para praticar curas, como um curandeiro, e aqui podemos ver dois exemplos claros:
·         A cura do paralítico em Marcos 2, 1-12, onde Jesus primeiro perdoa os pecados, isto é vai naquilo que é mais importante, e só efetua a cura física para comprovar sua autoridade;
·         A ressurreição de Lázaro em João 11, 1-45, onde Jesus poderia ter curado ou mesmo ressuscitado Lázaro mesmo de longe, como fez com o servo do centurião (Lucas 7, 1-10) mas ele espera chegar até Betânia, até o sepulcro, e ali ele ora ao Pai não para ser atendido, mas para que os que o ouviam vissem e acreditassem que o Pai lhe enviou.

Jesus também não veio apenas para pregar como um filósofo, pois ele exigia adesão e que suas palavras fossem postas em prática como quando fala que prudente é quem houve suas palavras e as põe em prática, e insensato quem não as põe em prática, conforme Mateus 7, 24-27.

Jesus é o caminho que leva ao Pai (Jo 14, 6), e tudo o que atrapalha este caminho deve ser jogado fora:
Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na geena. E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo inteiro seja atirado na geena” (Mt 5, 29-30).

Nisto percebemos qual a principal missão de Jesus: congregar todos a Sua volta.

Jesus, plenamente, nunca se entende como um indivíduo isolado. Ele veio, de fato, para congregar os que estavam dispersos (cf. João 11, 51-52; Mateus 12, 30), por isto toda sua obra consiste em reunir o novo povo. E reunir nele próprio, como nos declara em João 15, 5:
“Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”.

Existe uma união vital entre os ramos e a videira. Sem a videira os ramos morrem, e ao mesmo tempo os ramos fazem parte da videira. Nós não somos acrescentados/enxertados a Jesus, mas nascemos/brotamos Dele.

Tudo o que somos brota de Cristo Jesus como diz Paulo aos Corintios:
“Tal é a convicção que temos em Deus por Cristo. Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos fez aptos para ser ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica” (II Coríntios 3, 4-6).

Jesus é o bom pastor narrado em João:
“Eu sou o bom pastor. O bom pastor expõe a sua vida pelas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor”. (João 10, 11.16)

Este bom pastor também é prometido no Antigo testamento em Ezequiel 34, 1-24, e em especial o versículo 23 diz “Para pastoreá-las suscitarei um só pastor, meu servo Davi. Será ele quem as conduzirá à pastagem e lhes servirá de pastor”.

Jesus faz sempre um apelo a conversão pessoal, contudo ele tem sempre por objetivo a constituição do Povo de Deus que ele veio reunir e salvar.

No próximo momento veremos Jesus reunindo este Povo de Deus. Veremos como ele faz isso, e começaremos a ver onde a Igreja se encaixa nesta realidade do Povo de Deus. Veremos a realidade dos DOZE.

Um abraço a todos.
Carlos Francisco
Comunidade Católica Filhos da Redenção
Sou eu que apascentarei minhas ovelhas, sou eu que as farei repousar - oráculo do Senhor Javé. (Ezequiel 34, 15)


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A “EPIFANIA DO SENHOR”

Sim, é tão sublime - unanimemente o proclamamos - o mistério da bondade divina: manifestado na carne, justificado no Espírito, visto pelos anjos, anunciado aos povos, acreditado no mundo, exaltado na glória!
I Timóteo 3, 16

A Epifania é a grande manifestação de Jesus como Messias de Israel, Filho de Deus e Salvador do mundo[1]. Mas afinal de contas o que isto quer dizer para nós?

Esta manifestação é um sinal grandioso na história humana. O Evangelho em Mateus 2, 1-12 e o profeta Isaías em 60, 1-6 configuram o alcance teofânico e universalista da celebração.

Ia escrever algo sobre a festa da Epifania, Mas o Padre Paulo Ricardo falou tão bem sobre a comemoração, que desisti de escrever algo. Assistam o que esse abençoado Padre nos diz.

Recordamos neste dia três mistérios:
Hoje a estrela guia os magos ao presépio.
Hoje a água se faz vinho para as bodas.
Hoje o Cristo no Jordão é batizado
para salvar-nos. Aleluia, aleluia.



[1] Catecismo da Igreja Católica [CIC] nº528;

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A mensagem natalícia "Urbi et Orbi" e as saudações de natal do Papa Bento XVI

Conforme retirado do site zenit (http://www.zenit.org), a publicação do texto da tradicional mensagem natalina, “Urbi et Orbi”, dirigida por Bento XVI diretamente da Cidade do Vaticano no domingo, 25 de dezembro de 2011, aos fiéis presentes na praça de São Pedro e a todo o mundo por meio da radio e da televisão.

Amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro!

Cristo nasceu para nós! Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado: a todos chegue o eco deste anúncio de Belém, que a Igreja Católica faz ressoar por todos os continentes, sem olhar a fronteiras nacionais, linguísticas e culturais. O Filho de Maria Virgem nasceu para todos; é o Salvador de todos.

Numa antífona litúrgica antiga, Ele é invocado assim: «Ó Emanuel, nosso rei e legislador, esperança e salvação dos povos! Vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus». Veni ad salvandum nos! Vinde salvar-nos! Tal é o grito do homem de todo e qualquer tempo que, sozinho, se sente incapaz de superar dificuldades e perigos. Precisa de colocar a sua mão numa mão maior e mais forte, uma mão do Alto que se estenda para ele. Amados irmãos e irmãs, esta mão é Cristo, nascido em Belém da Virgem Maria. Ele é a mão que Deus estendeu à humanidade, para fazê-la sair das areias movediças do pecado e segurá-la de pé sobre a rocha, a rocha firme da sua Verdade e do seu Amor (cf. Sal 40, 3).

E é isto mesmo o que significa o nome daquele Menino (o nome que, por vontade de Deus, Lhe deram Maria e José): chama-se Jesus, que significa «Salvador» (cf. Mt 1, 21; Lc 1, 31). Ele foi enviado por Deus Pai, para nos salvar sobretudo do mal mais profundo que está radicado no homem e na história: o mal que é a separação de Deus, o orgulho presunçoso do homem fazer como lhe apetece, de fazer concorrência a Deus e substituir-se a Ele, de decidir o que é bem e o que é mal, de ser o senhor da vida e da morte (cf. Gn 3, 1-7). Este é o grande mal, o grande pecado, do qual nós, homens, não nos podemos salvar senão confiando-nos à ajuda de Deus, senão gritando por Ele: «Veni ad salvadum nos – Vinde salvar-nos!»

O próprio facto de elevarmos ao Céu esta imploração já nos coloca na justa condição, já nos coloca na verdade do que somos nós mesmos: realmente nós somos aqueles que gritaram por Deus e foram salvos (cf. Est (em grego) 10, 3f). Deus é o Salvador, nós aqueles que se encontram em perigo. Ele é o médico, nós os doentes. O facto de reconhecer isto mesmo é o primeiro passo para a salvação, para a saída do labirinto onde nós mesmos, com o nosso orgulho, nos encerramos. Levantar os olhos para o Céu, estender as mãos e implorar ajuda é o caminho de saída, contanto que haja Alguém que escute e possa vir em nosso socorro.

Jesus Cristo é a prova de que Deus escutou o nosso grito. E não só! Deus nutre por nós um amor tão forte que não pôde permanecer em Si mesmo, mas teve de sair de Si mesmo e vir ter connosco, partilhando até ao fundo a nossa condição (cf. Ex 3, 7-12). A resposta que Deus deu, em Cristo, ao grito do homem, supera infinitamente as nossas expectativas, chegando a uma solidariedade tal que não pode ser simplesmente humana, mas divina. Só o Deus que é amor e o amor que é Deus podia escolher salvar-nos através deste caminho, que é certamente o mais longo, mas é aquele que respeita a verdade d’Ele e nossa: o caminho da reconciliação, do diálogo e da colaboração.

Por isso, amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro, neste Natal de 2011, dirijamo-nos ao Menino de Belém, ao Filho da Virgem Maria e digamos: «Vinde salvar-nos»! Repitamo-lo em união espiritual com tantas pessoas que atravessam situações particularmente difíceis, fazendo-nos voz de quem a não tem.

Juntos, invoquemos o socorro divino para as populações do Nordeste da África, que padecem fome por causa das carestias, por vezes ainda agravadas por um estado persistente de insegurança. A comunidade internacional não deixe faltar a sua ajuda aos numerosos refugiados vindos daquela Região, duramente provados na sua dignidade.

O Senhor dê conforto às populações do Sudeste asiático, particularmente da Tailândia e das Filipinas, que se encontram ainda em graves situações de emergência devido às recentes inundações.

O Senhor socorra a humanidade ferida por tantos conflitos, que ainda hoje ensanguentam o Planeta. Ele, que é o Príncipe da Paz, dê paz e estabilidade à Terra onde escolheu vir ao mundo, encorajando a retoma do diálogo entre israelitas e palestinianos. Faça cessar as violências na Síria, onde já foi derramado tanto sangue. Favoreça a plena reconciliação e a estabilidade no Iraque e no Afeganistão. Dê um renovado vigor, na edificação do bem comum, a todos os componentes da sociedade nos países do Norte da África e do Médio Oriente.

O nascimento do Salvador sustente as perspectivas de diálogo e colaboração no Myanmar à procura de soluções compartilhadas. O Natal do Redentor garanta a estabilidade política nos países da região africana dos Grande Lagos e assista o empenho dos habitantes do Sudão do Sul na tutela dos direitos de todos os cidadãos.

Amados irmãos e irmãs, dirijamos o olhar para a Gruta de Belém: o Menino que contemplamos é a nossa salvação. Ele trouxe ao mundo uma mensagem universal de reconciliação e de paz. Abramos- Lhe o nosso coração, acolhamo-Lo na nossa vida. Repitamos-Lhe com confiada esperança: «Veni ad salvandum nos».

Depois da sua mensagem, o Papa enviou a saudação natalícia em 65 línguas, entre as quais:
A todos os que me escutam, envio-lhes uma cordial saudação nas diversas expressões linguísticas:

portoghese:
Feliz Natal para todos, e que a Luz de Cristo Salvador ilumine os vossos corações de paz e de esperança!

[© Copyright 2011 - Libreria Editrice Vaticana]

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O NATAL É DO PRIMOGÊNITO DE TODA A CRIAÇÃO


No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus”. (Jo 1,1)

Deus cria, e a Sua criação se dá por Cristo, com Cristo e em Cristo. Dizer que “no princípio era o verbo” é afirmar não somente que Cristo estava desde sempre, mas, nas palavras do evangelista, vemos a vocação de toda a criação, qual seja ser plena em Cristo. Quando Deus manda/ordena (Gn 1, 3.6.9.11.14.20.24.26) e a criação ocorre, percebemos que Deus cria o mundo por Seu Verbo, isto é, por sua Palavra.

Por isso a criação do mundo tem de ser vista a luz da própria escatologia[1]. Pois Cristo se encerra em tudo, e sua presença, na “plenitude dos tempos” (Gl 4, 4), vai explicar e remir a criação.

Sendo assim, se no princípio “tudo era bom” (Gn 1, 10.12.18.21.25), quem melhor que o próprio Cristo com o qual tudo foi feito e sem o qual nada foi criado (Jo 1, 3), para nos remeter novamente a condição inicial de “imagem e semelhança” de Deus (Gn  1, 26).

JESUS, EXALTADO PELO PAI

“E do céu baixou uma voz: Eis meu Filho muito amado em quem ponho minha afeição” (Mt 3,17).

Inicialmente se deve ter em conta que nenhum dos profetas nunca imaginou que o Messias seria o próprio verbo encarnado. Os fariseus e os escribas se indignaram com as revelações de Jesus se igualando ao “EU SOU” de Javé (Jo 8, 58 c/c Ex 3, 14), tendo em outro momento o Sumo Sacerdote da época rasgado sua roupa em sinal de escândalo (Mt 26, 63-64). Também era absurda a idéia da vinda de um Messias que, como Rei, não subjugasse os opressores. Sendo assim, é o Pai que, exaltando o filho, revelou a sua realeza (Mt 16, 13-17).

Deste fato não há verdade maior. Tendo o Pai feito o plano de salvação, guardou a glória de seu Filho em acontecimentos inimagináveis. Tudo que Cristo é se resume bem na frágil imagem do cordeiro. E que surpresa é saber o que esse cordeiro é capaz de fazer escatológicamente (Ap 6, 16) não só pelo povo eleito, mas por todo o universo, como diz São Justino[2]:

Nós recebemos o ensinamento de que Cristo é o primogênito de Deus e indicamos antes que ele é o Verbo, do qual todo o gênero humano participou. Portanto, aqueles que viveram conforme o Verbo são cristãos, quando foram considerados ateus, como sucedeu entre os gregos com Sócrates, Heráclito e outros semelhantes; e entre os bárbaros com Abraão, Ananias, Azarias e Misael, e muitos outros, cujos fatos e nomes omitimos agora, pois seria longo enumerar[3].

Temos hinos cristológicos lindos que indicam duas verdades:

I – O próprio Deus na pessoa de seu Filho (que é Deus de Deus e Luz da Luz) despoja-se de sua divindade encarnando-se na nossa humanidade;
II – Cristo eleva-nos a um status verdadeiramente humano, tirando-nos da condição de Adão (pecado Original) e devolvendo-nos a condição de Imagem e Semelhança.

Em Jesus a criação, toda ela, atualiza de modo concreto e definitivo sua forma mais perfeita de existência, seu “ser de Deus” e seu “alcançar a Deus”. Daí a conclusão de que o homem só, verdadeiramente, existirá integralmente quando chegar a Deus[4]. Sendo Jesus a “imitação” perfeita do Pai, e entendendo-se por imitação tornar-se presente, neste sentido Jesus torna presente Deus no meio dos homens.

E aqui entra o mistério do menino que nasce em uma pequena gruta em Belém. E nasce justamente para ser o Emanuel (Mt 1, 23). O numero 525 do Catecismo nos diz que “a terra oferece uma gruta ao inacessível”.

De fato, antes de Cristo, Deus nos é inacessível... mas Cristo nasce, e ao nascer faz uma troca com cada um de nós: Ele assume a nossa natureza humana, com todas as fragilidades e necessidades que temos, e, em troca, nos doa a sua própria divindade. As Glórias e Virtudes de Deus nos fazem “participantes da natureza divina” (1Pd, 3-4) não de forma abstrata ou filosófica, mas de forma real, concreta.
O Filho do Homem nos faz Filhos de Deus.

Tudo isto num simples nascimento. Em uma simples gruta, presente da terra “vós [Jesus] nascestes por nós, Menino, Deus eterno![5]

Que possamos refletir estas realidades neste Natal. Que o nascimento do Verbo Eterno seja concreto em nós, e que nós possamos permitir que neste “admirável intercâmbio”, possamos participar de sua glória.

Apesar da redundância,
Um Natal em Cristo para todos.


[1] Acontecimentos relativos já a vinda final de Jesus;
[2] Século II d.C.;
[3] 1 Apologia 46, 3;
[4] GAUDIUM ET SPES - Sobre a Igreja no Mundo Atual, 19, 1;
[5] Catecismo da Igreja Católica nº 525;

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A COMUNHÃO EM PECADO.

Eu ia escrever algo sobre o ano litúrgico, mas tendo em vista algumas conversas sobre o tema, acho interessante debater se podemos comungar estando em pecado, se tivermos o firme propósito de nos confessarmos imediatamente após a Missa.

Primeiramente, para que fique claro, não me refiro aqui a comungar tendo cometido pecados veniais, vez que estes são remidos pela própria Missa quando fazemos o ato de contrição, refiro-me a pecados mortais.

Começamos com o questionamento: posso comungar se estiver em pecado mortal?
A resposta é NÃO, conforme preceitua o Código de Direito Canônico (CDC), cânon 916:
“Quem está consciente de pecado grave não celebre a missa [para os sacerdotes ordenados] nem comungue o Corpo Senhor, sem fazer antes a confissão sacramental, a não ser que exista causa grave e não haja oportunidade para se confessar; nesse caso, porém, lembre-se que é obrigado a fazer um ato de contrição perfeita, que inclui o propósito de se confessar quanto antes.

Logo fica claro que a regra é que não se deve comungar em pecado grave, sem antes recorrer a confissão sacramental.

Sabendo qual é a regra, podemos partir para as duas exceções, que formam uma só:
Quem está consciente de pecado grave não (...) comungue (...), sem fazer antes a confissão sacramental, a não ser que exista causa grave e não haja oportunidade para se confessar;

Logo, tendo cometido um pecado grave, só se pode comungar se existir uma causa grave, e que não haja oportunidade para se confessar antes.

Para entender melhor esta questão, conjuguemos o CDC com o Catecismo da Igreja Católica (CIC) no seu artigo 1457, que nos diz:
Conforme o mandamento da Igreja, “todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar seus pecados graves, dos quais tem consciência, pelo menos uma vez por ano. Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a Sagrada Comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental, a menos que tenha um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar a um confessor. As crianças devem confessar -se antes de receber a Primeira Eucaristia”.

A título de esclarecimento, podemos definir “motivo grave” fazendo uma analogia com o nº 2154 do CIC que nos diz que um juramento[1] pode ser feito quando ocorrer uma causa grave e justa. S. Paulo, em sua carta a comunidade de Corínto, informa que se não a visitou era para poupá-los de uma tristeza pela exortação pessoal. Para que não ficasse dúvidas ele Jura, pois assim não se perderá a comunidade. Isso é um motivo grave, por exemplo: perder alguém na fé.

Sendo assim é preciso o motivo grave (ex. uma Padre que nunca celebra a divina Eucaristia pode fazer os fiéis se perderem da fé), e que lhe seja impossível confessar os pecados. Salvo isso, a simples contrição do coração não é justificativa para comungar em pecado.

Importante que o CIC nº 1452 fala que uma contrição perfeita, que é a “dor da alma e detestação do pecado cometido, com a resolução de não mais pecar no futuro” tem o poder de perdoar as faltas veniais e os pecados mortais, se vier acompanhada do firme propósito de se recorrer, quando possível, à confissão sacramental.

Logo caberia a pergunta “mas então se eu estou profundamente arrependido do meu pecado de toda a minha alma, tendo o propósito de me confessar assim que possível, não posso então comungar?
A resposta continua sendo não porque o CIC é bem claro quando diz que “Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a Sagrada Comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito”. Salvo nas exceções afirmadas.

Geralmente usamos de expedientes para comungarmos em pecado para logo após a Santa Missa procurarmos o padre para pedirmos a absolvição. Ora, se você já está na missa e quer comungar, espere a Santa Missa acabar, receba o sacramento da penitência e comungue na próxima Santa Missa, ou então procure o sacerdote antes.

Até porque dificilmente pecaremos 5 minutos antes da celebração. Geralmente estamos em pecado durante a semana toda e não vamos até o sacerdote.

No final das contas, se analisarmos bem este desejo de comungar não é contrição, mas simples remorso.
Quem quer receber a Cristo na comunhão eucarística deve estar em estado de graça” (CIC 1415), vez que Deus é luz, onde não pode coabitar nenhuma treva (1Jo 1,5). Tenhamos muito cuidado e respeito pelo Santíssimo corpo do Nosso Senhor Jesus Cristo.

Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação”. (1Cor 11, 29)

Possamos ir de cabeça erguida até Cristo e, de forma muito humilde, como fez o Centurião, com uma fé esponsal, dizer “Domine, non sum dignus ut mires sub tectum meum sed tantum dic verbo et sanabitur anima mea - Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”.


[1] Este número do CIC esclarece o porquê S. Paulo jura em que pese Jesus ter recomendado não jurar em Mt 5, 34-37;

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Santa Maria Mãe de Deus


Ano A – 21 de novembro de 2011



Primeira leitura - Zc 2,14-17
Salmo - Lc 1,46-55
Evangelho - Mt 12,46-50

Evangelho segundo São Mateus 12, 46-50

 “Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar. Disse-lhe alguém: Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te. Jesus respondeu-lhe: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

Geralmente esta palavra é utilizada em um aspecto negativo, vez que, a primeira vista, Jesus estaria desmerecendo ou simplesmente desconsiderando a presença de sua mãe Maria e seus irmãos.

Contudo não há crítica quanto a família de Jesus. Pelo contrário, Jesus eleva o sentido de família ao fazer a comparação chave da passagem.

Saber que “Todo aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” é a chave para entender a mensagem deste parágrafo.
E quem é a mãe de Jesus? Aquela que faz a vontade do Pai.

Maria é a mulher que faz a vontade do Pai. Maria é a mulher do sim. Maria é a mulher do “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38).
Neste sentido Maria é a nova Eva. Enquanto Eva disse não aos planos de Deus (Gn 2, 17; 3, 2-6), Maria disse sim.

Perceba que na primeira leitura está escrito no versículo 17: “Toda criatura esteja em silêncio diante do Senhor: ei-lo que surge [o Senhor] de sua santa morada”. A verdade teológica aqui escondida é que Maria Santíssima é a Santa morada de onde surge o Nosso Senhor Jesus Cristo.

Maria é o exemplo de quem faz a vontade de Deus vez que em Maria temos a representação das bem aventuranças. Maria é a primeira bem aventurada do novo testamento pois dela, antes do discurso das bem aventuranças (Mt 5) foi dito “Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!” (Lc 1, 45)

Afinal quem são os irmãos de Jesus? Todos aqueles que fazem a vontade do Pai.
E neste sentido nós, se fizermos a vontade do Pai, somos irmãos de Jesus, e consequentemente filhos de Maria.

Maria não teve outros filhos além de Jesus. Nesta própria passagem não é dito que chegaram Maria com seus filhos. Aliais, em NENHUMA passagem do evangelho é dito de alguém que seja filho de Maria fora Jesus (Mt 13, 55; Mc 6, 3). Maria chega com os primos, primas, Tios e Tias de Jesus.

Maria não foi lá falar, afinal ela era a mulher do silêncio (Lc2, 19), ela foi lá ouvir a palavra de Deus e colocá-la em prática ...  Todo aqueleque faz a vontade do meu Pai (...) esse é meu irmão, minha irmã e minha MÃE.

Quisera-nos receber um elogio como este. Maria deve ter ficado Muito feliz em saber que todo aquele que faz a vontade do Pai esse é como ela.


Possamos nós também sermos como Maria: fazedores da vontade do Pai.