sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

... CRIADOR DO CÉU E DA TERRA ...

Continuando o pensamento sobre o Credo, a Luz do que ensina a Igreja Católica, temos a afirmativa de que Deus é Criador.
Quanto a este atributo de Deus já foi falado no texto passado, quando abordado a onipotência de Deus. Por isso nos ateremos ao fragmento todo.
O símbolo dos apóstolos afirma que Deus é o criador do céu e da terra, enquanto o simbolo niceno-constantinopolitano esmiúça: “... de todas as coisas visíveis e invisíveis”. Quanto a isso o Compêndio nos diz:
““No princípio Deus criou o céu e a terra” (Gênesis 1, 1). A Igreja, na sua profissão de fé, proclama que Deus é o criador de todas as coisas visíveis e invisíveis: de todos os seres espirituais e materiais, isto é, dos anjos e do mundo visível, e em particular do homem”[1].
O termo “Céu e a terra” tem o significado de tudo.  Toda a criação foi feita por Deus, do nada. Sendo que:
1.       Terra - aqui ela é o mundo dos homens (Salmo 115[113B] 16[24]). O lugar das coisas “visíveis”;
2.       Céu - ou céus, indica:
2.1.    Lugar das coisas invisíveis;
2.2.    Lugar dos seres imateriais – anjos;
A TERRA, o lugar das coisas visíveis.
Deus criou o mundo por força da sua palavra. A Bíblia mostra a obra de criação de forma simbólica no relato das origens[2]. O mundo é feito por Ele em seis dias de trabalho, tendo descansado no sétimo (Genesis 1, 1-2, 4)[3].
“No princípio, Deus criou os céus e a terra” (Genesis 1, 1). Dizer no princípio Deus criou é afirmar que antes dele nada havia. Apesar de parecer repetitivo, reforço isto pois extraímos daqui duas verdades:
1.       O mundo não surgiu de si mesmo;
2.       Antes do princípio não havia nada, tendo Deus criado tudo do nada;
Aqui entra outra verdade de fé que não abordarei agora, mas já adianto. Apesar de a criação ser atribuída ao Pai, este não tem exclusividade, vez que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são “o único e indivisível princípio da criação”[4].
A catequese católica aponta para a realidade de que cada criatura possui sua bondade e sua perfeição próprias vez que o Deus que cria diz que “tudo isto era bom”.
Pode passar imperceptível a maioria das pessoas, mas a Igreja, baseado nisto chama o homem a estar em harmonia com a natureza evitando o uso desordenado da criação que acarrete a degradação do meio ambiente.
Deus ama todas as suas criaturas[5] e aqui se reflete a dependência que temos do resto da criação. Poderíamos viver sem o sol? Sem as plantas ou os outros animais? A harmonia de todo este universo criado resulta em um equilíbrio na forma das leis da natureza, a qual descobrimos progressivamente[6].
São Francisco de Assis no Cântico das Criaturas louva a beleza infinita de Deus que se manifesta de forma reflexa na Sua criação
“Laudato sie, mi' Signore cum tucte le Tue creature”
(Louvado sejas, ó meu Senhor, com todas as tuas criaturas)[7]

essa manifestação reflexa não se dá pelo que a criatura é, mas por aquilo que ela faz, assim ele diz:
Especialmente o senhor irmão Sol, que clareia o dia e com sua LUZ nos alumia.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, que é muito útil e humilde e preciosa e casta...
Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã, a mãe Terra, que nos sustenta e governa,e produz frutos diversos e coloridas flores e ervas.
Louvai e bendizei a meu Senhor, e dai-lhe graças, e servi-o com grande humildade.”[8]
O CÉU, o lugar das coisas invisíveis.
Esta realidade se dá nos anjos e sua condição espiritual, incorpórea, invisível e imortal[9].
Por se tratarem de seres espirituais, os anjos são dotados de INTELIGENCIA e VONTADE[10], e, ao contrário dos homens, não necessitam dos sentidos. Diz Santo Tomás de Aquino “Os anjos sendo substâncias puramente simples, são como que formas que não são limitadas e determinadas por qualquer matéria, mas possuem, pela sua única natureza específica, todas as suas determinações substanciais”[11].
Apesar de podermos dizer que o céu é o lugar da Igreja celeste, esta realidade da igreja se dará de forma espiritual assim como os anjos[12].  Quando a Igreja afirma em qual realidade se dará estas verdades ela implicitamente rechaça a TEOLOGIA A LIBERTAÇÃO.
Ocupando um lugar único da criação se encontra o homem que “Deus criou (...) à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher” (Genesis 1, 27).
O Homem une, na sua natureza, o mundo material e o mundo espiritual, vez que, fazendo parte da criação visível, tem a capacidade de CONHECER e AMAR seu criador[13]. Ele as une por que o Homem é “CORPORE ET ANIMA UNUS[14] - UNO DE ALMA E CORPO – e esta alma é espiritual.
É claro que nem todas as realidades humanas serão divinas.

Um abraço a todos
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, dona nobis pacem.
(Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz.)


[1] Compêndio da Igreja Católica nº 59;
[2] Dizer "relato da criação" é correr o risco de afirmar que este trecho bíblico quer uma idéia mais ou menos exata de uma série de acontecimentos históricos;
[3] Inicialmente continuei o texto abordando as teorias sobre a literalidade, ou não do relato da criação. Após muito escrever percebi que fugiria da temática inicial do Credo. Mas a quem interessar saber, falarei novamente sobre o Genesis, em especial as contradições do capítulo 1 e 2, e suas explicações teológicas.
[4] Catecismo da Igreja Católica nº 316;
[5] Salmo 145[149], 9;
[6] Catecismo da Igreja Católica nº 341;
[7] http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2ntico_das_Criaturas
[8] Catecismo da Igreja Católica nº 344;
[9] São Lucas 20, 36;
[10] Catecismo da Igreja Católica nº 330;
[11] De Unitate Intelectus;
[12] Compêndio da Igreja Católica nº 60 c/c 209;
[13] Aspectos de sua ALMA ESPIRITUAL que desenvolveremos em momento oportuno;
[14] Gaudium et Spes (SOBRE A IGREJA NO MUNDO ATUAL) 14;