Ano A – 25 de outubro de 2011
As leituras de hoje trabalham com a dupla ligação entre paciência e esperança a luz da vinda escatológica de Jesus Cristo.
Primeira Leitura Romanos 8, 18-25
18. Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. 19. Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. 20. Pois a criação foi sujeita à vaidade (não voluntariamente, mas por vontade daquele que a sujeitou), 21. todavia com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. 22. Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia. 23. Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo. 24. Porque pela esperança é que fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperança já não é esperança; porque o que alguém vê, como é que ainda o espera? 25. Nós que esperamos o que não vemos, é em paciência que o aguardamos.
Salmo Responsorial (Sal:126,1-2; Sal:126,2-3; Sal:126,4-5; Sal:126,6)
1. Cântico das peregrinações. De Salomão. Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem. Se o Senhor não guardar a cidade, debalde vigiam as sentinelas. 2. Inútil levantar-vos antes da aurora, e atrasar até alta noite vosso descanso, para comer o pão de um duro trabalho, pois Deus o dá aos seus amados até durante o sono. 3. Vede, os filhos são um dom de Deus: é uma recompensa o fruto das entranhas. 4. Tais como as flechas nas mãos do guerreiro, assim são os filhos gerados na juventude. 5. Feliz o homem que assim encheu sua aljava: não será confundido quando defender a sua causa contra seus inimigos à porta da cidade.
Evangelho Lucas 13,18-21
18. Jesus dizia ainda: A que é semelhante o Reino de Deus, e a que o compararei? 19. É semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e semeou na sua horta, e que cresceu até se fazer uma grande planta e as aves do céu vieram fazer ninhos nos seus ramos. 20. Disse ainda: A que direi que é semelhante o Reino de Deus? 21. É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas de farinha e toda a massa ficou levedada.
A nossa chave de leitura pode ser Rm 8, 18 que nos diz “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada”.
Paulo nos está falando daquilo que já temos – a Paz com Deus de Rm 5, 1-2 – e que apesar de todos os sofrimentos que passamos (Rm 5, 3a), nada disso se comparará a tudo que nos espera. Esta recompensa pela espera não se dará de forma filosófica, atingindo apenas o espiritual, mas será um acontecimento concreto que acometerá até mesmo o cosmo.
A queda de Adão é também a queda de toda a criação de Deus. Por isso ela espera esta manifestação em nós, para que enfim passemos da escravidão da corrupção para a liberdade de filhos de Deus.
Ora, nós não somos originalmente escravos, estamos escravos pelo pecado de Adão, contudo, em que pese este pecado original, nós somos originalmente imaginem Dei – imagem de Deus.
Esperamos então a vinda escatológica do Messias já vivendo esta certeza, se não é em vão tudo aquilo que fazemos, escrevemos, falamos e pregamos (Sl 126, 1-2).
E no Evangelho vislumbramos esta manifestação no cosmos quando Jesus compara o reino a um grão de mostarda. Existe uma comparação com Ezequiel 17, 23 que nos diz “Eu o plantarei na alta montanha de Israel. Ele estenderá seus galhos e dará fruto; tornar-se-á um cedro magnífico, onde aninharão aves de toda espécie, instaladas à sombra de sua ramagem”.
Apesar de estarmos a porta do fim dos tempos, é em paciência que aguardamos este fim. O fermento – Espírito Santo – já está misturado na massa, mas é preciso esperar toda a massa fermentar.
Que possamos permitir esta transformação do Espírito em nós, para que apressemos a vinda do Senhor.